18 fevereiro 2006

...a multiplicação da POESIA





Tenho uma grande paixão pela arte deste lusitano especial, recoberto de alma, poeta dos eternos! Transpasso seus versos, imortais... O primeiro, já o utilizei algumas vezes, me completa, aquieta! O segundo, humor de poetas!, doce tristeza... ;)
Aproveitem!!
Pessoa morreu em 1935! 70 anos depois, sua obra agora é de domínio público e, mais interessante, se renasce! com o lançamento de poemas inéditos, como o que eu utilizei como minha definição: pode ser lido aqui ao lado...
Aproveito para sugerir a leitura do Dossiê de Entre Livros sobre o poeta, na edição deste mês!! ;)








Não quero rosas, desde que haja rosas.

Quero-as só quando não as possa haver.

Que hei-de fazer das coisas
Que qualquer mão pode colher?




Não quero a noite senão quando a aurora
A fez em ouro e azul se diluir.
O que a minha alma ignora
É isso que quero possuir.

Para quê?...Se o soubesse, não faria
Versos para dizer que inda o não sei.
Tenho a alma pobre e fria...
Ah, com que esmola a aquecerei?...

Fernando Pessoa, 7-1-1935

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A Lua (dizem os ingleses),
É feita de quijo verde.
Por mais que pense mil vezes
Sempre uma idéia se perde.

E era essa, era, era essa,
Que haveria de salvar
Minha alma da dor da pressa
De... não sei se é desejar.

Sim, todos os meus desejos
São de estar sentir pensando...
A Lua (dizem os ingleses)
É azul de quando em quando.

Fernando Pessoa, 14-11-1931