"Acherontia átropos" é a nomenclatura técnica dada por Lineu em 1758 para designar uma borboleta grande com cabeça negra, de asas amarelas e negras, símbolizando a morte.

Lineu parece ter-se inspirado nos nomes de Acheronte, que era o rio que os condenados deviam atravessar para chegar ao Hades ou Inferno, e Caronte, a figura mitológica que acompanhava as almas condenadas nessa travessia. A expressão encontrada por Lineu, em si, é grega, sendo latinizada depois para fins técnicos.
Saramago se utiliza desta interessante construção da natureza para desencadear o arrependimento da morte (aquela, responsável pela ceifa das vidas humanas) que, ao invés das malditas cartas cor violeta, preferia ter utilizado a magnifíca ajuda dessas pequenas criaturas para impressionar os humildes e incólumes mortais, destinatários de tão crucial visita!
Em "As Intermitências da Morte", seu último romance, Saramago nos leva a esse mundo paralelo, onde a morte decide entrar em greve e, após perceber que os humanos têm mais dificuldade de lidar com a "não-morte", se arrepende! Mas, não querendo retomar sua antiga rotina, decide avisar os futuros defuntos, com uma semana de antecedência, a data de sua morte (através do agilíssimo sistema de Correios e das cartas violeta)! Claro que isso também gera alguns contratempos à pobre morte...
Mas a passagem da borboleta é fenomenal...
Considerei tão interessante, que resolvi comentá-la!
Nem sobre o livro ainda falei... Não faltarão oportunidades!
Mas, (?) o que nos permite imaginar que a tal borboleta, com seu exclusivo desing, seja isso ou aquilo?
Acherontia Atropos é uma criação humana, uma ligação do homem com o mítico, com o inalcansável, com o que não entendemos... A morte, o fim da vida! (por exemplo!)
O que vem depois?? Alguém afirma? Alguém viu? Quais os segredos, tão bem guardados pela pequena borboleta??