21 outubro 2006

Aquilo que falta...





São sempre essas coisas, as palavras...
Desde que me conheço fui "do contra", "ao contrário" - costumava escrever tudo começando pelo título. Meus professores doutrinavam: - O título é a última coisa!!; meus professores da faculdade calculavam: - Tens que saber o peso - o núcleo tem que estar bem definido - e ficará mais fácil encontrar o verbo do título...; meus orientadores praguejam: - Escreve tudo primeiro, o resto é consequência!!

Mas eu não - nunca fui assim... O título é o que sempre me definiu. Definiu os rumos, as idéias e as palavras. Definiu os meios e os começos e até mesmo os fins.

Se quiser me "pegar de geito", comece pelo título...

Diferente de tudo o que sempre me ensinaram, o título não é um resumo de tudo o que o texto diz; ao contrário, o título é tudo - o texto é que tenta, inutilmente, descrever a perfeição das formas que para o título são intrinsecas...

Então, assim como o título surge, as palavras também: vêm daquele lugar secreto, distante tanto do mundo que parece mágica conseguir sair, parece arte...

No "Aquilo que falta..." não preciso dizer muita coisa.
Tem-se tanto, tanta coisa - sempre, na vida - que fica difícil não imaginar que falte alguma coisa.

Sim, não é que sentimos falta do que não temos. Sentimos falta é de sentir falta, pelo tudo que sempre temos: temos tudo, e queremos sentir, ao menos um pouco, a falta de alguma coisa.

Isso é o que nos torna gente! Humanidade: sempre tão repleta, sempre tão sozinha, sempre tão... "texto"...