14 novembro 2006

Deu... 73 páginas!




Acho que ficou curto... Tomara que a teacher não reclame!! :/


O que sempre distinguirá o funcionamento do homem do funcionamento das máquinas, mesmo das mais inteligentes, é a embriaguez de funcionar, o prazer. Inventar máquinas que sintam prazer está ainda, felizmente, fora dos poderes do homem. Todos os tipos de prótese podem concorrer para o prazer dele, que ainda não conseguu inventar alguma coisa que goze por ele. Embora invente algumas que trabalham, "pensam" ou se deslocam melhor do que ele ou por ele, não há prótese, técnica ou midiática, do prazer do homem, do prazer de ser homem. Para isso, seria necessário que as máquinas tivessem idéia do homem, que pudessem inventar o homem, mas para elas é tarde demais: foi ele quem as inventou. É por isso que o homem pode exceder o que é, ao passo que as máquinas nunca excederão o que são. As mais inteligentes são exatamente o que são, exceto talvez no acidente e na falha, que sempre lhes podem ser imputados como um desejo obscuro. Elas não têm o excesso irônico de funcionamento, excesso de funcionamento que corresponde ao prazer ou ao sofrimento, pelo qual os homens se afastam de sua definição e se aproximam de seu fim. A infeliz máquina nunca excede sua própria operação, o que talvez explique a profunda melancolia dos computadores... Todas as máquinas são celibatárias.

A Transparência do Mal
Jean Baudrillard