06 dezembro 2006

Inesperado...






...então pulei para o banco da frente e cutuquei o ombro do motorista até que ele me desse atenção. "Qual. É. Sua. Designação", perguntei em voz de Stephen Hawking. "Como é que é?" "Ele quer saber o seu nome", a Vó falou do banco traseiro. Ele me entregou seu cartão.


GERALD THOMPSON
Limusine Sunshine

atendemos os cinco distritos
(212) 5707249


Entreguei-lhe meu cartão e disse "Saudações. Gerald. Eu. Sou. Oskar." Ele me perguntou por que eu estava falando daquele jeito. Respondi "A CPU de Oskar é um processador de rede neural. Um computador aprendiz. Quanto maior o contato com humanos, mais ele aprende". Gerald disso "O", e depois disse "K". Não consegui perceber se ele gostou de mim ou não, portanto falei "Seus óculos escuros são cem dólares". "Cento e setenta e cinco", ele disse. "Você conhece muitos palavrões?" "Conheço alguns". "Não tenho permissão para usar palavrões". "Que droga". "O que é 'droga'?" "É uma coisa ruim". "Você conhece 'cocô'?" "Isso é um palavrão, não é?" "Não se você disser 'cocoruto". "Acho que não". "Lambda meu sacolé, cabeça de cocoruto". Gerald sacudiu a cabeça e rachou um pouquinho o bico, mas não do jeito ruim, ou seja, não às minhas custas. "Não posso nem dizer 'pastel de pêlo'", contei a ele, "a não ser que esteja falando de um pastel de verdade, feito de coelhos. Bacana suas luvas de motorista". "Obrigado". E aí eu pensei numa coisa, portanto falei. "Na verdade, se as limusines fossem extremamente compridas, elas não precisariam de motoristas. Você poderia simplesmente entrar no banco traseiro, caminhar pela limusine e depois descer pelo banco da frente, que ficaria onde você precisava ir. Na ocasião de hoje, portanto, o banco da frente ficaria no cemitério". "E eu estaria assistindo ao jogo neste momento". Dei tapinhas no ombro dele e disse "Quando alguém procura 'hilário' no dicionário, encontra uma foto sua"...




de Jonathan Safran Foer
do livro que todos no mundo deveriam ler
"Extremamente alto e incrivelmente perto"
Pág. 14 e 15